Saio pela rua deserta, gélida; o vento, feito navalha mortal, rasga meu rosto em transversais perpendiculares. Penso na vida, e somente nela. Estagno o tempo, faço meu tempo. Mas o tempo não se arrasta, apenas me persegue pela rua. As coisas passam em ritmo frenético. Sexta-feira é a segunda feira que ainda nao chegou. Ando em circulos viciosos, prescrevendo um MCU com alta velocidade modular. Experimento sabores triviais, obsoletos até. EScondo segredos insustentáveis, comprimidos a alta pressão, prontos a derrubar os alicerces que me firmam. E se eu desmoronar? Tombo, derroco, ergo-me.Vivo ilusões, almejo as coisas que nunca terei. Sinto o aleive penetrar por dentre os poros da minha pele. Busco a escuridão, homogeneizadora do meu mundo. Sinto um perfume, levito em segundos. Faço versos soltos, dilacerados. Projeto o futuro, desespero-me. Canso, suspiro, sigo em frente.