Sei que num futuro próximo sentirei saudade do meu passado, mergulharei na lama da nostalgia (como sempre). Mas, mesmo assim, prefiro não registrá-lo. Prefiro esquecê-lo por entre as entranhas dos meus neurônios desgastados. Que ele se dissolva pela bainha de mielina, ou se perca no espaço sináptico; que seja metabolizado e excretado com uma alta dose de indiferença. O que um dia se fez tão presente, tão intenso, tão inclusivo, inflexivo, será parte, apenas, de um singelo deja vÙ. Não mais existirão motivos para lembrar-me do que um dia pode ter sido a culpa do meu fracasso...não, fracasso não, derrota apenas (fracasso seria o fim da linha, e acredito que essa linha seja maior que o meu pedaço de fio dental diário). Sentirei "auto-desprezo" por essa atitude; com certeza tentarei me lembrar de todos os aspectos transcorridos, e terei uma crise de abstinencia por nao ter em mãos provas concretas "daquilos" que vivi internamente. Sim, se as tivesse seria um viciado em apreciar aquele momentos "recordatórios", mesmo sabendo que nao me faria bem. Por isso a deleção ( ou a não concretização) do meu passado é uma atitude prudente, é sim. Quero convencer-me disso. Caso eu deixasse aqui, cravado no espaço fosco desse plano de fundo, certamente que, ao reler aquelas suadas linhas de novo, projetar-se-iam as sobras dos meus sentimentos infames, das minhas angustias rotineiras, das minhas idealizações "alencarianas", do mundo que poderia ter sido, e não foi... E, conviver com tudo isso de novo, não quero... Quero lembrar-me desses momentos com desdém, analisando o quão tolas foram minhas ações, minhas especulações, meu gasto desnecessário de atp´s cerebrais em imaginações sem qualquer funcionalidade...consciente de que aprendi com "aquilos."